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by Beitech . - Monday, 24 February 2025, 1:34 PM
Anyone in the world

Imagine um cenário em que as big techs, como Google, Amazon e Microsoft, não são apenas empresas, mas feudos modernos que dominam a economia e até o aprendizado corporativo. Essa é a tese inquietante de Yanis Varoufakis, economista e autor de Tecnofeudalismo, livro que chega ao Brasil em abril. Ele argumenta que o capitalismo tradicional foi substituído por um sistema opressivo, onde plataformas digitais reinam como senhores feudais, transformando usuários — e até empresas — em "servos" e os antigos detentores de capital em "vassalos". Nesse novo mundo, a renda, não o lucro, é o que move a economia.

Varoufakis descreve como as big techs criaram infraestruturas essenciais, cobrando “aluguel” pelo uso de seus serviços — de buscas a ferramentas de trabalho. Um exemplo claro está nos treinamentos online corporativos: plataformas como LinkedIn Learning e Microsoft Teams tornaram-se indispensáveis para o desenvolvimento profissional. Empresas pagam assinaturas, cedem dados e dependem dessas ferramentas, enquanto funcionários se submetem a um aprendizado padronizado, controlado por gigantes tecnológicas. Essa relação, que ecoa a servidão medieval, é o cerne do tecnofeudalismo, conceito também explorado pelo pensador Cedric Durand.


Dos feudos digitais à sala de aula virtual


A dependência das plataformas digitais explodiu após a crise de 2008 e a pandemia, períodos que consolidaram o poder das big techs. Pesquisadores como David Nemer e Kenneth Corrêa apontam que essas empresas deixaram de ser meras intermediárias para dominar mercados — inclusive o da educação corporativa. Nemer destaca como os treinamentos online, hospedados em ecossistemas fechados, reforçam a submissão a um feudo digital: empresas brasileiras, por exemplo, raramente criam soluções próprias, optando por pagar tributos a plataformas estrangeiras. Isso não só custa caro, mas erode a soberania digital.


Poder político e o aprendizado sob controle


O alcance das big techs vai além da economia e invade a política e a cultura corporativa. Arthur Coelho Bezerra observa que o poder econômico dessas empresas se traduz em influência sobre governos e organizações. Pense na Era Trump ou no peso de Elon Musk: decisões tomadas por essas figuras afetam até como as empresas escolhem treinar seus times. Nemer alerta que, sem regulação, o tecnofeudalismo pode aprofundar a manipulação do conhecimento corporativo, limitando a diversidade de ideias e precarizando o trabalho formal — tudo enquanto as big techs lucram com cada clique em um curso online.

Para Varoufakis, o Brasil está especialmente vulnerável. Depender de plataformas externas para treinar equipes não é só uma questão técnica, mas um risco estratégico. Num mundo tecnofeudal, o controle do aprendizado corporativo pelas big techs pode sufocar a inovação local e perpetuar desigualdades. Como romper esse ciclo? Reconhecer o feudo digital e buscar alternativas soberanas pode ser o primeiro passo — antes que os "senhores" da tecnologia fechem ainda mais o cerco.

Aqui na Beitech, estamos nos adaptando a esse novo momento. Buscamos oferecer caminhos que equilibrem inovação e autonomia, ajudando empresas a navegar nesse cenário desafiador sem se render completamente ao feudo digital. O que você acha? Concorda que o tecnofeudalismo está mudando o jogo? Comente abaixo!